Oi,meninas!! Bom,a Ju já postou aqui "Uma linda história" agora é minha vez né??? Aí vai:
"Que tempero gostoso! Nossa, o que você põe na comida, menina? Denise, esse macarrão está digno dos deuses...” Eu ouvia todos os dias os mesmos elogios. Abrira um restaurante por quilo havia alguns anos e a clientela era fiel. Todos apreciavam os pratos simples, porém caprichados, que eu preparava.
A Casa da Denise. Assim se chamava meu pequeno estabelecimento. Quinze mesas, de quatro lugares, alojadas num galpão de tijolos aparentes. Investira ali todo meu dinheiro, conquistado a duras penas numa vida antes dedicada a trabalhar para os outros.
Minha rotina começava cedo. Às 7h, já estava mexendo nas panelas. Três assistentes me auxiliavam. Havia ainda outra garota pesando os pratos e cobrando as comandas.
Apesar de tamanha obviedade, havia um momento de meu dia em que tudo virava de cabeça para baixo. Era o instante em que ELE adentrava pela estreita porta do restaurante e sorria. “Oi, Denise!”, dizia, com aquela voz grossa, ansioso por seu almoço.
Vou tentar descrevê-lo: Paco media cerca de 1,70m. Olhos azuis, loiro (feito os pais alemães dele), brincalhão e dono de uma discreta barriguinha. Não era lindo, mas algo nele me atraía. Talvez seu humor ou a suave colônia que emanava. “Salada de maionese... oba!”, dizia, quando via que eu oferecia tal prato no dia. No afã de nunca perder sua preferência, passei a ter maionese diariamente...
Um dia, ele me encomendou um bolo. Sua mãe faria aniversário no final daquela semana. Acabei me atrasando toda naquela sexta-feira e pedi que meu paquera passasse no restaurante ao fim da tarde. As meninas já haviam ido embora. Confesso: más intenções povoavam minha cabeça.
Não sei se Paco percebeu, mas, quando chegou, eu vestia uma saia generosamente curta e meus cabelos estavam escovados de uma maneira muito mais cuidadosa. Ah, havia pingado gotas de perfume na nuca.
“Estou terminando a cobertura”, desculpei-me, enquanto ele me observava sentado numa das cadeiras do restaurante. “Sem problemas, Denise, eu espero!”, respondeu com aquele sorriso matreiro de sempre.
“Quer provar?”, sugeri, de repente, mostrando a ele a colher cheia de chantilly. Paco se levantou e passei o creme nos seus dedos. Ele lambeu. “Hum...bom!”, disse, com um olhar irresistível. Passado algum tempo, ele se foi, com o bolo.
Na segunda seguinte, ele veio ao restaurante. “Mamãe amou seu bolo. Ficou até com vontade de conhecer a moça que a fez tão feliz em seu aniversário!”, comentou, com encantadora timidez. Sorri, imaginando minha sogra em potencial.
Passaram-se alguns meses até que ele me fizesse uma nova encomenda. “Terei um jantar romântico na semana que vem. Daqueles em que a gente se declara, sabe? Poderia, por favor, preparar algo especial?”, pediu, embaraçado, para uma mulher desapontada e triste.
Fiquei trêmula, mas segurei as pontas. “Claro... Vou pensar num menu especial”, disse, disfarçando minha agonia. Temperei cada prato com doída tristeza. Lágrimas caíram sobre o molho do ravioli de pato. Meu rancor desabou sobre o creme de baunilha. Muita melancolia se misturou aos pães caseiros de farinha integral. Seu jantar “romântico” estava pronto.
Quando Paco foi ao restaurante pegar as encomendas, naquela sexta chuvosa, eu não estava. Uma de minhas meninas o esperou e entregou tudo. A 3 km dali, eu chorava, copiosamente, em minha casa. Parei apenas para atender o telefone que insistia em tocar. “Deixem-me em paz, deixem-me em paz!”, gritava, para mim mesma. Atendi.
“Afinal, você não vem jantar comigo? Estou esperando há horas, mas por você vale a pena”, disse a voz masculina e grossa de Paco, do outro lado da linha.
Linda né,comenta aí vaiii
Fany
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